terça-feira, 15 de julho de 2008

Competição

Será que a competição é a mesma em todos os sentidos e ocasiões? Depende do assunto em questão, embora a essência da mensagem seja a mesma; ou seja, alguém se dá bem enquanto outro fica no prejuízo. É bom lembrar que a nomenclatura ecológica tem uma proximidade muito grande com as linguagens utilizadas pela economia e pela física, utilizando termos como: taxas de crescimento, desenvolvimento, recursos, entre outros. Isso demonstra um pensamento cartesiano como foi claramente expresso por Capra em “O Ponto de Mutação”.
Essa característica deixou a ciência limitada pela sua própria linguagem, além de antropocêntrica, seu limite vai além, pois é estipulada pelos cinco sentidos que o homem faz uso, devido ao seu aspecto materialista mecanicista. E este cerco é estendido para as outras relações com o restante dos organismos, com os quais compartilhamos e convivemos no planeta.
Então, a competição é vista nas relações ecológicas com a mesma agressividade e outras características próprias da humanidade, com seus valores emocionais. Essa característica não permite uma leitura clara dos processos, será sempre um modelo impreciso e obscuro. Justifico isso, exemplificando que o nosso espectro visual é bastante limitado comparado ao das abelhas, então carecemos de informações visuais que são nítidas para uma abelha, pois se processássemos as imagens com esse amplo espectro a nossa linguagem seria totalmente diferente e mais precisa do que essa que utilizamos.
A competição é vista como uma relação entre duas espécies ou indivíduos, na qual um dos elementos fica no prejuízo. Ela está nas nossas vidas desde a tenra idade. Nossos pais tão familiarizados com a competição nos ensinaram que temos que vencer na vida. Ou seja, temos que vencer em cima de alguém, algo que justificou o capitalismo selvagem tão criticado nos anos 80 e 90. E com o aumento populacional, vencer a cada dia passou a ser uma obrigação de cada indivíduo.
Nossa educação também é baseada na competição, a partir dos jogos que nos acompanham desde o maternal, passando pelas notas que devem ser as melhores; até atingir o ápice na idade produtiva, onde devemos ter mais e ser mais do que os outros, às vezes não importando os meios para isso.
Como seria, se ao invés de incentivarmos a competição, incentivássemos a colaboração, o fazer juntos, atingindo metas propostas por uma coletividade? Acho que o sentimento presente seria o de liberdade, pois a expressão seria livre e bem acolhida. A aproximação entre as pessoas faria com que elas desenvolvessem o sentimento de fraternidade. Associando a liberdade com a fraternidade, uma prática se faz necessária de forma natural, o respeito para com o próximo, traduzido na lei natural de fazer ao outro o que gostariam que fizessem com você, tão presente na oração franciscana, traduzindo em um terceiro sentimento, o de igualdade.

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